quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dia do médico

Hoje é o Dia do Médico.

Hipócrates
Durante todo este dia foram muitas as homenagens e comemorações que me deixaram profundamente emocionado. É uma felicidade tremenda perceber que podemos fazer diferença na vida das pessoas de variadas formas, cuidando de sua saúde física e mental e ajudando-as a melhorar sua qualidade de vida. É muito bom ter esta função e a oportunidade de exercê-la.

"Aos doentes tenha por hábito duas coisas - ajudar, ou pelo menos não produzir danos" - Hipócrates

Falo em oportunidade porque é isso que os paciente fazem por nós: nos dão a oportunidade de cuidar de suas vidas. Para uma pessoa nada é mais valioso que a própria vida, por mais que ela possa até pensar que não. Nada é mais sagrado do que sua própria saúde e, ao entregá-la nas mãos de um médico, esta pessoa está dando ao mesmo a exclusiva oportunidade de cuidar deste bem único. Nós, enquanto médicos, é que temos que agradecer pela confiança dos pacientes.

MUITO OBRIGADO PELA OPORTUNIDADE DE CUIDAR DE VOCÊS!

Quando estamos assistindo aos pacientes, aprendemos com seus quadros clínicos, com suas vivências, com sua melhora ou piora. Cada paciente ajuda o médico a se tornar melhor, mais eficiente e, se ele souber aproveitar, mais sábio. O médico se torna mais médico a cada pessoa que cuida.

"Curar algumas vezes, aliviar freqüentemente, consolar sempre. " - Hipócrates

Cuidar das pessoas é a finalidade do médico. Não necessariamente curar, mas CUIDAR. Orientar cada um sobre como ser mais saudável e mais feliz. Estimular cada pessoa a encontrar a cura para seus males, cura esta que está dentro de cada um. O médico não cura, mas catalisa o processo.

"Tuas forças naturais, as que estão dentro de ti, serão as que curarão suas doenças." - Hipócrates

Considerando tudo isso, precisamos considerar muito o fato de que nos é atribuída muita responsabilidade, e precisamos honrar a mesma. Precisamos sempre nos lembrar do juramento que fizemos em ocasião de nossas formaturas:

Juramento de Hipócrates

"Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: 

Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. 

Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. 

A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substãncia abortiva.  

Conservarei imaculada minha vida e minha arte. 

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. 

Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. 

Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. 

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça."

Vamos cuidar das pessoas. Vamos lembrar que, por mais que possamos realizar coisas maravilhosas, não somos, nem de longe, deuses. Vamos receber cada paciente com o coração e a mente abertos, na franca intenção de auxiliá-los a se tornarem mais saudáveis e felizes. Vamos sempre nos esforçar para trazer a melhora e salvar quando possível.

Sob a luz de Asclépios, sigamos as idéias de Hipócrates e Platão.

Sob a luz de Deus, sejamos ferramentas de sua sabedoria.

Obrigado aos pacientes pela oportunidade de sermos seus médicos.

FELIZ DIA DOS MÉDICOS!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Osteoporose, você e o que fazer.

Acabei de sair de uma aula com o médico, professor e amigo Dr Artur Lemos. Suas aulas são sempre ótimas e nos trazem muitas informações úteis. Hoje ele estava falando sobre osteoporose e, inspirado nisso, resolvi falar sobre isso aqui pra vocês.

É uma condição caracterizada pela perda de massa óssea, levando a ossos mais fracos e mais sujeitos a fraturas. Dificulta muito a recuperação das fraturas também. É um problema sério e muito prevalente na nossa sociedade, afetando principalmente mulheres a partir da menopausa mas que também acomete homens.

Beleza. O problema é esse e ele ataca ossos. As pessoas costumam ver os ossos como estruturas meio estáticas e muito relacionadas ao cálcio. Preciso te dizer que o osso é tudo menos estático e que 90% de sua composição é, na verdade, proteica. O cálcio cumpre papel importante, mas não é seu principal constituinte. É sobre uma base proteica, com colágeno, que se fixa o cálcio e outros minerais, formando o osso em si. O osso também é repositório destes muitos minerais, que podem ser daí mobilizados se houver necessidade.

Os osteoblastos são células que geram osso novo e os osteoclastos degradam osso velho. O equilíbrio entre estas duas ações gera um osso saudável. Estas ações dependem diretamente da nutrição, do equilíbrio hormonal, dos exercícios físicos e, até mesmo, da exposição à luz solar. O sol é muito importante para o processo de geração da vitamina D3, fundamental para a absorção do cálcio.

Aí você pensa: "por isso que eu tomo leite. Pra ter cálcio!"

Sinto te informar que não é bem assim. O cálcio está presente no leite, mas a capacidade do nosso organismo de usar este leite é bem baixa. O cálcio mais interessante para você está nas folhas verde escuras e, sem dúvida, em suplementos de cálcio usados de forma adequada.

Aí você pensa de novo: " tudo bem. Ainda bem que me passaram aquele suplemento de cálcio com vitamina D!"

Lá vem eu, chato, novamente. Não é tão simples assim. O tipo do sal de cálcio presente no suplemento é muito importante. É que você não toma cálcio, mas sim um sal de cálcio. Pode ser carbonato, fosfato, citrato, glicinato, bis-glicinato... Tem vários. Os melhores são o glicinato (também conhecido como cálcio quelado) e o citrato, e podem ser prescritos de acordo com as necessidades individuais do paciente. Não raro a dose de vitamina D presente nos suplementos prontos é muito pequena. Hoje em dia vivemos uma deficiência global de vitamina D, já confirmada por muitos trabalhos científicos, fazendo com que precisemos de suplementação mais abundante e mais exposição solar controlada.

Então você pensa mais uma vez: "tá bom, Adolfo! Então eu tomo um suplemento de cálcio com o sal certo e a dose certa de vitamina D! Tomo sol também! Tá bom pra você, seu chato?!"

...
...
...

não...

"O quê?!"

não...

"Não tô te ouvindo."

Não! Tá bom não! Desculpe, mas não posso mentir. Pra ficar legal, precisamos avaliar você com muito cuidado e determinar todas as outras vias de suplementação e mudança de hábitos de vida. Vamos precisar, também, de magnésio, silício, riboflavina, vitamina C, vitamina K2, manganês, zinco, alguns aminoácidos e, não raro, de uma reposição hormonal. Tudo isso feito de forma muito específica e personalizada. Considerando a individualidade de cada paciente. Não é simples, mas dá excelentes resultados.

Além de tudo isso, precisamos rever a exposição solar e dar atenção aos exercícios físicos resistidos, como a musculação.

"Oxe, Adolfo! Então você quer que minha vovozinha véia vá pegar peso na academia?!"

Hehehehe... Muito legal.
É isso mesmo, mas eu quero que ela vá realizar atividade física resistida com a orientação dos profissionais adequados, notadamente o fisioterapêuta, o ortopedista e o educador físico. Isso é MUITO importante. Não queremos que ela fique torta. Inclusive, quero que você também já comece a ir, pra prevenir problemas futuros.

Dito tudo isso, eu recomendo a vocês como já fiz muitas vezes antes: busque uma equipe multidisciplinar. Os profissionais de saúde das várias áreas vão te ajudar, cada um a sua maneira, a ter uma melhor saúde óssea também. Isso te trará mais qualidade de vida e felicidade.

Saúde e paz.

Seja feliz.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sem novas alternativas concretas para emagrecimento. Por que e até quando?

Parei pra ler uma reportagem no site da Veja falando sobre as consequências da proibição, ano passado, pela ANVISA, da venda de anorexígenos (remédios inibidores de apetite) no Brasil. Se quiser, dê uma olhada em http://veja.abril.com.br/noticia/saude/um-ano-apos-proibicao-dos-emagrecedores-pacientes-continuam-sem-alternativas-para-perder-peso. Eu já me manifestei sobre o tema na época do ocorrido, como podemos ver em Proibir X Educar, e agora vou comentar sobre o que li.

Primeiro, fiquei feliz com o fato da reportagem mostrar ambos os lados do problema. Legal. Mesmo assim, ficou muito claro uma coisa: os pacientes que PRECISAM DA TERAPIA MEDICAMENTOSA ficaram sem opções à altura dos medicamentos proibidos. A sibutramina, única droga disponível no momento para esta finalidade formalmente, não tem a eficiência das drogas que foram proibidas.

O uso de medicamentos com outras indicações, de forma off label, com a finalidade de emagrecer, tem crescido muito e isso só mostra o esforço dos médicos (pelo menos dos que trabalham com seriedade) em encontrar alternativas para cuidar de seus pacientes. É isso mesmo, pessoal. Existem pacientes que realmente precisam utilizar medicamentos para alcançar seus objetivos de emagrecimento e se afastar das possíveis consequências negativas da obesidade. Nem todo mundo consegue resolver apenas na base da "força de vontade" e precisamos compreender estas pessoas ao invés de julgá-las. A obesidade é uma doença de difícil tratamento e controle e com profundas implicações psicológicas/neuroquímicas.

Volto a afirmar que nunca fui um grande prescritor destas medicações, mas não posso ficar satisfeito quando vejo que opções terapêuticas válidas foram tiradas das mãos de nós médicos, que ficamos mais limitados ainda em possibilidades de tratamento para nossos pacientes. Acredito muito em mudança de hábitos de vida, exercícios físicos, dietoterapia e suplementação alimentar, elementos nos quais todo meu trabalho se baseia desde sempre, mas sinto falta das medicações para tratar uma pequena parcela de pacientes, que continua órfã.

O maior problema de todos, no meu ponto de vista, é que muitos pacientes estão tendendo a aderir à um suposto último recurso: a cirurgia bariátrica, em suas variadas formas. Este procedimento, fortemente banalizado nos últimos anos, deveria ser alternativa apenas para os casos literalmente perdidos. Deveria ser opção apenas para aqueles pacientes que estão em um estado de obesidade tão absurdo que não tem como emagrecer de outra maneira... que não conseguem mais nem andar direito... que não têm mais nenhuma alternativa. Este tipo de cirurgia, definitivamente, não é para PESSOAS QUE QUEREM GANHAR MAIS 20Kg PARA PODER CONSEGUIR A LIBERAÇÃO DO CONVÊNIO. Provavelmente, não é a alternativa para você que está lendo este artigo.

Não quero dizer, com isso, que nunca haja indicação para a cirurgia. Com certeza, há, mas não tanto quanto tem se realizado a mesma hoje em dia. Se ainda tivéssemos a disponibilidade de utilizar as medicações que foram proibidas, poderíamos evitar inúmeras cirurgias como esta.

Me preocupa, também, perceber uma coisa: o campo está aberto para a nova droga milagrosa que surgir, provavelmente custando uns R$300,00 a unidade ou mais. Sendo liberada, talvez, sem um perfil de segurança ideal, como vimos acontecer com algumas medicações nos últimos 15 anos, caso de alguns anti-inflamatórios e antidepressivos. Isso coloca até a gente pra pensar: "será que não é tudo de propósito?" Quem tem interesse nisso?

Não sei responder a pergunta, mas sei que estou muito interessado em ajudar meus pacientes a viver com mais saúde e adoecer cada vez menos. Estou interessado em encontrar alternativas que valham a pena, e tenho utilizado algumas off label, também por falta de opções. Estou muito interessado em ver um órgão de importância vital para a saúde no país se manifestar de forma mais educativa e fiscalizadora ao invés de uma postura paternalista e castradora. Estou tremendamente interessado em ajudar os pacientes que tenham realizado cirurgias como as citadas acima e que, agora, sofrem com depressão, desnutrição, sarcopenia, "entalos" e outros problemas. Eles podem ter uma vida de melhora qualidade. Estou interessado, e compartilho isso com muitos colegas da área de saúde, em promover saúde sem medo e com educação e esclarecimento DE FATO dos pacientes e profissionais envolvidos.

Sei que tô chato hoje, mas em tudo isso tem, também, um grande desabafo.

Use e abuse de seu médico, seu nutricionista, educador físico e psicólogo. Se informe e sempre veja os prós e contras de todas as alternativas. Se paute por esclarecimento e bons argumentos, pois eles valem muito mais do que cargos e títulos. Procure profissionais que te respeitem enquanto pessoa pensante e dotada de inteligência. Se não quiser te explicar as coisas direito, caia fora!

Desenvolvamo-nos.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O que é normal?


Sabe quando o profissional de saúde que está cuidando de você pede um exame? Pode ser de sangue, urina, fezes, imagem ou qualquer outro tipo, mas você sempre quer saber se está "normal" ou não. É um direito seu.

Saiba de uma coisa muito importante: a posse do exame é SUA. De quem era o sangue? E o cocô? De quem foi o pulmão radiografado ou o pâncreas "ultrassonografado"? Não foi tudo seu? Então, inclusive pelo código de ética médica, o exame é seu. Você tem todo o direito de abrir, ler, riscar, rasgar, tocar fogo ou coisa pior... e pode, também, entregar para o profissional ler o resultado (essa é, quase sempre, a melhor opção).

Só tem um problema é um só: afinal de contas, em se tratando de resultados de exames, o que é normal?

Somos levados a crer que são os valores dentro dos intervalos de referência, ou os "valores normais" dos exames. Isso leva, tanto leigos quanto profissionais, a cometer muitos enganos. Para que você entenda isso, vamos dar uma olhada no conceito de NORMAL pelo dicionário Caldas Aulete:


(nor.mal)
a2g.
1. Que é natural ou habitual (reação normal).
2. Que é segundo a norma ou padrão
3. Que é usual, comum, habitual, corriqueiro: "Mas não faz mal, é tão normal ter desamor" (Antônio Carlos & Jocafi, Você abusou))
4. Mental e fisicamente saudável (diz-se de pessoa).
5. Pop. Que não foge, em termos de comportamento, à regra da maioria das pessoas
6. Fig. Que é social ou moralmente aceitável: "Não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal" (MIlton Nascimento & Fernando Brant, Bola de meia, bola de gude))
7. Diz-se de pele, cabelo etc. que não é seco nem oleoso
8. Diz-se de curso do ensino de nível médio para formação de professores primários.
sm.
9. Esse curso.
10. Pessoa normal (4): "Eu juro que é melhor/ Não ser um normal" (Rita Lee & Arnaldo Baptista, Balada do louco))

sf.
11. Geom. Reta perpendicular à curva ou superfície.
[Pl.: -mais.]
[F.: Do lat. normalis, e.]

Ufa... Pronto! 11 referências. É um termo sujeito a diversos pontos de vista. OK. Vemos normal como natural, habitual, padrão, norma, usual, corriqueiro... até mesmo em uma referência a saudável, referindo-se a uma pessoa, mas observe:


EM ALGUM LUGAR VOCÊ LEU QUE NORMAL É "O CORRETO"?! Sei que não.


Você não leu, simplesmente, porque não é o caso. O normal, das faixas de referência dos exames, em geral se refere à frequência de um resultado em uma população e precisa, inclusive, muitas vezes ser "regionalizado" para servir como referência que valha. Isso significa que "o normal" pode variar de país para país, região para região, povo para povo. Isso significa, também, que o normal é, em boa parte dos exames, o que "normalmente ocorre", e não o que seja ideal ou perfeito para cada pessoa.

Este "normal" é relativo!

A avaliação de um exame complementar vai muito além da simples comparação dos resultados a tabelas e faixas numéricas. É necessário ponderar os resultados e, não raro, relacionar vários resultados entre si para chegar a uma conclusão realmente útil. Isso tudo tem um motivo muito simples: nosso organismo é composto por muitos sistemas menores que se integram em um sistema maior. Nosso corpo é um complexo de inter-relações e precisa ser avaliado assim.

Também precisamos considerar que, já que as faixas de "normalidade" geralmente têm mais relação com a frequência de uma faixa de resultados do que com estes serem ideais ou não, muitas vezes o ideal para um paciente será um valor específico, ou faixa de valores, dentro desta faixa. Por exemplo, apesar dos valores para insulina sérica em jejum terem como "faixa normal" valores entre 2,5 e 25, eu sempre vou preferir que um paciente meu apresente um valor inferior a 10 ou, até mesmo, a 8, pois são valores que demonstram um sistema de resposta insulínica mais saudável, na presença de uma glicemia dentro do desejável.

Por conta de tudo isso que eu citei acima, lembre que o exame é seu, mas a leitura dos resultados é muito mais complexa do que parece. Se você é impressionável, talvez valha a pena não ler nada mesmo e esperar para o profissional de saúde avaliar tudo e esclarecer.

Não vá se jogar do banquinho embaixo, certo? Peça esclarecimento. Pode ser que seja tudo normal.

Normalmente.

domingo, 26 de agosto de 2012

Microbioma: somos minoria em nossos próprios corpos.

"Nós somos um grande condomínio de bactérias." - afirmação genial do biólogo Marcos André Vannier dos Santos, da FIOCRUZ de Salvador, nos idos de julho de 2005, na 57ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Genial porque é fato, visto que um organismo humano tem cerca de 10 trilhões de células mas abriga algo em torno de 100 trilhões de bactérias, 10 vezes mais. Dá uns 4Kg de microorganismos! É um bocado de coisa!

Pois é. Somos minoria no nosso próprio corpo. O trato digestivo é o maior responsável por isso, abrigando a maior parte destes microorganismos e, creia, possibilitando a sua disseminação por outras áreas. É mesmo. Tem "micro-cocô" por toda a sua pele e, pra piorar ainda mais sua cara de nojo, 20% dele não é seu, mas das outras pessoas com quem se relaciona. Quem você abraça, aperta a mão e conversa. Que "bosta" de informação, né? HEHEHE!

Todo esse enorme volume de seres vivos habitando cada recanto do nosso organismo tem grande valor. Estes pequeninos seres são fundamentais para nossa saúde. Favorecem a digestão, produzem vitaminas e enzimas, combatem micro-organismos nocivos, interferem na nossa produção de neurotransmissores, nos ajudam a não engordar demais... tudo isso se estiverem em equilíbrio. Se não, pode acontecer tudo às avessas! É uma relação onde a harmonia precisa imperar, mas isso costuma falhar.

Nossa alimentação atual, a vida estressante, o uso de diversos medicamentos, principalmente antibióticos e a pouca importância dada, infelizmente, pelos médicos a este tema, tem feito com que seja cada vez mais frequente o surgimento das disbioses, situações onde o desequilíbrio da flora bacteriana intestinal leva a sintomas e doenças. Males digestivos, alergias alimentares adquiridas, enxaquecas, infecções de repetição e, até mesmo, certos casos de depressão, são solucionados ou melhorados pelo tratamento que promova o reequilíbrio da flora intestinal, e isso tem ganho cada vez mais importância no mundo.

Os pesquisadores ao redor do globo apostam tanto na importância das relações entre os micro-organismos intestinais e a saúde humana que lançaram, nos EUA, o Projeto Microbioma Humano, que visava descobrir a identidade destes inquilinos microscópicos. Financiado pelo NHI (National Health Institute), o projeto envolveu mais de 80 instituições em todo o mundo e descobriu que mais de 10 mil espécies de bactérias vivem em nosso corpo, em diversas regiões, compondo diversos ecossistemas que se relacionam. Isso mesmo. Você É um planeta... uma galáxia! Quem sabe, um universo?!

Então veja só: existe um complexo e enorme sistema de inter-relações e interdependência entre uma absurda quantidade de seres vivos em seu organismo. A complexidade disso tudo levará ainda muitos anos para ser compreendida, mas sabemos que nossa saúde depende, diretamente, do equilíbrio disso tudo. Estes micro-organismos favorecem seu crescimento e desenvolvimento, em um processo lindo que resulta de reações adaptativas nos últimos milhares de anos. Por isso eu digo: DEIXE DE PARANÓIA COM AS BACTÉRIAS!

Isso aí! Sabonete antibacteriano, para uso diário, não tem como fazer bem. Sabonete íntimo, sem necessidade, não deve ser utilizado. Esterilizar a boca... pelo amor de Deus! Estas bactérias convivem conosco há muito mais tempo do que compreendemos a existência das próprias! Vamos procurar vias que levem ao equilíbrio simbiótico entre todos. Claro que acontecem infecções, mas isso são situações patológicas específicas e não é tentando "esterilizar" o corpo que você vai evitá-las. Pode até favorecê-las! Converse com seu médico e seu nutricionista. Se eles não dominarem o assunto, peça indicações de quem possa fazê-lo, mas corra atrás. Isso é muito mais importante do que já te disseram.

Não se engane. Não é tomando um iogurtezinho diariamente que você vai resolver isso. É bem mais complicado. Precisa ser bem avaliado e, quando seu médico ou nutricionista te prescrever aqueles complexos de lactobacilos, prebióticos e tal, dê a devida importância. Ele está te fazendo um favor. É fato que, aqui no Brasil, as espécies de microorganismos terapêuticos liberadas são um número bem reduzido, mas isso tende a mudar.

Harmonia
Pense que, assim como você defende a necessidade da manutenção dos ecossistemas da Mata Atlântica e da Amazônia, deve defender os ecossistemas do seu corpo. Lembre, também, que este sistema é dinâmico e está em constante adaptação. Por conta disso, acredite que tudo na sua vida interfere nele. Sua alimentação, seu descanso, suas vivências e relacionamentos, a poluição a que se submete. Tudo importa e deve ser avaliado e adaptado quando possível. É bem certo que estamos engatinhando ainda na nossa capacidade de interferir positivamente sobre este equilíbrio, mas já é possível fazer algumas coisas boas com a alimentação e alguns suplementos, além de algumas mudanças de hábitos.

Vamos lutar por uma saúde mais integral, mais harmoniosa.

Percamos os preconceitos.

Estudemos... e muito.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Irisina: importante descoberta. Luz sobre a obesidade, o diabetes e outras doenças. Exercício em cápsulas?

Íris, a deusa grega mensageira
Desde o início do ano fomos agraciados com a notícia da descoberta desta nova substância, a irisina, um hormônio produzido pelos músculos em sua resposta adaptativa aos exercícios que promove a queima da gordura e uma melhora da resistência periférica à insulina. É uma substância sinalizadora. Mensageira. Por isso o nome que remonta à deusa grega Íris.

Sua descoberta foi anunciada pelo Dr Bruce Spiegelman, do Dana-Farber Cancer Institute, em Boston, Massachusetts. Em pesquisa com ratos, sua equipe foi capaz de perceber o potencial da substância para o emagrecimento e para a regulação do metabolismo glicídico, o que pode levar a novos tratamentos em áreas como obesidade, diabetes, dislipidemias e, até mesmo, doenças como o mal de Parkinson.

Esta mesma equipe conseguiu sintetizar a substância, tendo realizado uso com sucesso em ratos. Os pesquisadores observaram a capacidade desta substância induzir a mudança da gordura branca (pouco ativa metabolicamente) para gordura marrom (de grande atividade termogênica, ou de queima). Isso levou a uma perda de gordura mesmo na ausência de exercícios e/ou dieta nos ratos submetidos à pesquisa.
Irisina "amarronzando" a gordura

Aparentemente, outras substâncias ou situações podem, também, levar à liberação da irisina, mas isso ainda não está bem determinado.

OK. Beleza. É fato que esta descoberta é fantástica e nos leva a um melhor entendimento da fisiologia do exercício. É verdade, também, que pode nos levar ao desenvolvimento de novos e revolucionários tratamentos para as doenças acima citadas. Muito bom. Eu concordo 100%. Só vejo um pouco de problema na idéia de se criar "exercícios em cápsulas", como alguns estão sugerindo por aí.

A realização de exercícios físicos envolve um enorme número de fatores comportamentais, que vão desde o interesse em si pela atividade até a execução em si. Não é, costumeiramente, para um adulto que trabalha, um processo simples. São muitas as barreiras para se transpor e muitas, também, as necessidades de organização e disciplina para levar adiante um programa eficiente de atividade física.

Dito isso, podemos pensar assim:

"Então não é bem melhor ter um comprimidinho que resolva tudo isso pra mim, sem a necessidade de tanto esforço?"

A resposta é não.

Um medicamente que venha a gerar resultados similares aos de um exercício físico será fantástico para tratar doenças e auxiliar pacientes em processo de reabilitação. Para estas pessoas, um recurso como este pode se tornar, simplesmente, fundamental. No caso de um indivíduo que não tenha a necessidade específica de algo assim, este recurso vai se tornar, no mínimo, moralmente lesivo, pois tira do mesmo a oportunidade de lutar pelo seu resultado e de passar por todas as ricas vivências que o levariam ao sucesso. O ser humano precisa de desafios! Cada pessoa precisa mostrar, pra si mesma, que é capaz de alcançar seus objetivos!

Veja que não estou, de forma alguma, tirando o mérito da descoberta, que é fabulosa. Só me incomoda muito o fato de ver, sugerido por aí, que seria interessante ter um "exercício em cápsulas". Será que já não basta o fato de usarmos o carro pra ir pra cima e pra baixo, reduzindo o contato humano, fato também garantido pela própria "falta de tempo" auto-imposta que vivemos em prol de "resultados", que quase sempre envolvem o ganho de dinheiro para pagar contas? Será que não é muito mais interessante nos esforçarmos para readequar nossas vidas de forma a incluir uma rotina saudável de exercícios e alimentação, fatores que só nos levam ao crescimento pessoal e ao aumento do nosso conhecimento?

Eu espero que não peguemos este caminho de imediatismo "moderninho" e busquemos uma vida onde os resultados positivos continuem dependendo da nossa dedicação. Que as descobertas sobre a irisina nos tragam cada vez mais luz sobre a compreensão do metabolismo durante exercícios e que nos ajude a gerar alternativas de tratamento para inúmeras doenças. Fantástico! Que fique restrito a benefícios deste tipo. Fantástico também!

Procure seu médico, seu nutricionista, seu personal trainer. Programe-se para começar um programa de exercícios regular e acompanhado. Você verá quanta felicidade e saúde irá alcançar!

Vamos nos esforçar!

Suemos!


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ortomolecular é...


Pessoal.

Ortomolecular é uma conduta onde objetivamos promover o equilíbrio bioquímico do organismo. O pai deste termo foi Linus Pauling, duas vezes prêmio Nobel. É óbvio que esta meta só poderá ser plenamente alcançada daqui a muitos anos, mas já somos capazes de gerar diversas melhorias à saúde.


O tratamento envolve revisão dos hábitos de vida, com a adoção de mais saudáveis; atenção aos aspectos psíquicos da vida, sendo estes de extrema importância para a plena saúde; cuidados nutricionais, compreendendo que a boa alimentação é a base para uma saúde plena; atenção à vida atlética do paciente, considerando que as atividades físicas orientadas são tremendamente positivas para suas vidas; prescrição de medicações alopáticas, quando necessário, como qualquer médico; prescrição de suplementos nutricionais para as mais variadas finalidades.

A Ortomolecular vem gerando diversos resultados positivos ao longo dos anos. Se hoje você ouve falar em reposição de flora intestinal após o uso de antibióticos, ácido lipoico vendido como medicamento alopático em farmácias, ácido nicotínico também, omega 3 para variadas finalidades, o grande número de prescrições de vitamina D3 gerando resultados benéficos em diversas situações, a liberação de alguns suplementos nutricionais esportivos e sua evolução no país (ainda devagar, mas finalmente acontecendo), e muitos outros fatos, tudo isso foi introduzido ou sofreu influência, direta ou indireta, dos pesquisadores que internacionalmente se dedicam a esta forma de pensar a saúde. Tudo isso foi atacado por muito tempo, mas hoje as evidências que suportam tais práticas cresceram tanto que não se consegue mais detratá-las.

Como qualquer linha de pensamento, é composta de pessoas que podem ter orientações morais variadas e, como em todas as áreas médicas, há os bons e maus profissionais. Não coloquem todo mundo no mesmo balaio.

A Ortomolecular é, eminentemente, uma linha de trabalho médico preventiva e complementar podendo, também, ser protagonista de diversos tratamentos. O médico que segue esta linha costuma envolver-se em empreitadas multidisciplinares e integrativas, respeitando a importância fundamental dos colegas nutricionistas, enfermeiros, fisioterapêutas, psicólogos, odontólogos, farmacêuticos, biólogos, terapêutas ocupacionais e quaisquer outros envolvidos no cuidado com a saúde das pessoas. Sabemos que a saúde só se desenvolve com o trabalho combinado de todos estes profissionais, fora os engenheiros, analistas de sistemas e tantos outros, de fora da área de saúde, que ajudam a mesma a se desenvolver.

Moda vem, moda vai, e o que fica é a idéia de que devemos cuidar da saúde para que a doença não se instale com tanta frequência e facilidade. Isso é Ortomolecular. Fica a idéia de que podemos fazer o corpo humano funcionar melhor, render melhor e envelhecer com mais saúde, perdendo menos funcionalidade com o tempo. Lembrem que Ortomolecular não é estética, apesar de ajudar a melhorar a estética corporal.

Ninguém ainda é capaz de rejuvenescer ninguém. Este termo, inclusive, irrita muito alguns dos nosso grandes pesquisadores nesta área, que compreendem que, o que realmente fazemos, é modular o processo de envelhecimento para que ele ocorra de forma mais suave. É só isso.

Só escrevi este post para deixar claro o que realmente é Ortomolecular. O que, hoje em dia, convencionou-se chamar de medicina anti-aging no Brasil não é sinônimo de Ortomolecular e é importante que isso fique claro. Hormônios devem ser utilizados com extrema cautela. Utilizados corretamente, podem trazer muitos benefícios, mas isto nunca me fez prescrever um GH. Não que eu seja necessariamente contra, mas  pelo fato de não me sentir totalmente convencido de dever fazê-lo.

Só para apontar:

- Hormônios bioidênticos e não-bioidênticos são, DE FATO, diferentes. Afirmação contrária a isso mostra, apenas, um desconhecimento sobre este tema, o que não é incomum já que se trata de algo ainda pouco difundido;

- Sempre desconfie da opinião de um médico, que esteja criticando alguma coisa, se ele simplesmente fizer afirmações como "sobrecarrega seu fígado", "sobrecarrega seus rins" ou "aumenta o risco de câncer". Se ouvir afirmações deste tipo, pergunte o porquê. Sério. Faça isso mesmo. Não se intimide em perguntar. Se não houver resposta, ele te enrolar ou ficar irritado, saiba que, provavelmente, ele não tem opinião realmente estruturada sobre o tema. Se ele simplesmente disser que "não há estudos que comprovem", pergunte como, em nome do que quer que seja, ele pode estar acompanhando todas as publicações de todos os artigos em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo (a não ser que ele disponha de uma vasta meta-análise sobre o tema embaixo do braço);

- Questione as condutas de seu médico quando percebê-las estranhas. Peça para que ele as explique de uma forma que vocâ entenda. Isso é obrigação dele;

- Procure confrontar opiniões e observe os profissionais que argumentam e os que simplesmente afirmam algo, dogmaticamente. Prefira quem raciocina e consegue expressar suas idéias;

- Não há problema algum em se tomar diversas pílulas ao longo de um dia, desde que devidamente prescritas. Não tenha preconceitos quanto a estas pequenas formas de te fazer ter uma grande saúde;

- Expresse seus limites ideológicos quanto ao uso de quaisquer medicamentos ou técnicas. Salvo em situações de urgência, o médico deve deixar claros os prós e contras de tudo pra você;

- Cuidado com os materiais divulgados em todas as mídias. Eles podem servir como valiosos alertas ou como perigosas barreiras para seu desenvolvimento;

- Não se esqueça que a ciência médica é algo em estágio de desenvolvimento muito modesto ainda. O que temos de fato são muitos modelos teóricos sobre muita coisa, com poucas certezas. Nenhum profissional de saúde será dono da verdade, nem para afirmar que sim, nem para afirmar que não. É necessário extremo bom-senso.

Comunique-se. Tire suas dúvidas. Busque quem se propõe a pesquisar e raciocinar, não necessariamente quem ocupa uma posição de suposta sabedoria ou destaque. Cuidado com os brios.

Cuidado com as modas e as tendências.

Viva saúde.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ortorexia ou "tenho que comer certo o tempo todo"!

Eu já não ouvia este termo há algum tempo. Não que não seja importante, mas talvez pelo fato de ainda não ser um diagnóstico formal, apesar de haver até uma descrição sintomatológica. Estou falando de ORTOREXIA.

Você já ouviu falar sobre anorexia ou hiporexia, quando uma pessoa alimenta-se muito pouco por referir insuficiente apetite, podendo levar a um emagrecimento doentio. É um distúrbio alimentar bastante divulgado, que ocupa a mídia vez por outra. Dificilmente você ouviu falar de ortorexia, termo criado pelo médico norte-americano Steven Bratman (não é o Batman!).

Trata-se de um distúrbio alimentar também mas, neste caso, a pessoa afetada apresenta uma fixação por comer em um determinado padrão, costumeiramente visto como saudável pela mesma. É uma obsessão por comer alimentos saudáveis ou corretos. O paciente busca seguir regras rígidas de alimentação, elevando os alimentos vistos como saudáveis e execrando aqueles classificados como inadequados (normalmente alimentos com corantes, conservantes, gorduras trans, excesso de sal ou açúcar, entre outros).

Daí vem a pergunta lógica: e o que tem de mal alguém querer comer certo?

Parece ilógico considerar alguém que se esforça para comer de forma saudável como uma pessoa portadora de patologia. Realmente, todos devíamos nos esforçar para comer de forma mais saudável. O problema, como em tudo na vida, é o exagero.

O paciente ortoréxico torna-se uma pessoa obcecada, fixada em uma idéia quem costumeiramente, está cheia de informações truncadas e algumas inverdades, levando-a a uma alimentação que dificilmente será verdadeiramente saudável. No esforço para alimentar-se de forma supostamente mais correta, o paciente costuma excluir importantes grupos de alimentos, como as carnes vermelhas ou as gorduras, por exemplo, caminhando na direção da desnutrição. Não é incomum a deficiência de vitaminas e minerais nestes pacientes, bem como o excesso de outros nutrientes. Um desequilíbrio nutricional.

Estes pacientes passam, também, por dificuldades sociais, se tornando isolados em seus hábitos alimentares restritos. Isso precipita quadros de depressão, se não já estiverem instalados. Esta pessoa dispõe-se a gastar somas muito maiores que o comum ou buscar seus "alimentos especiais" em locais distantes e de acesso difícil, dedicando tempo excessivo de suas vidas a este planejamento, inclusive em termos do modo de preparo. Costumam ter dificuldade em encontrar quem prepare adequadamente seus pratos, sendo obrigados a aprender a prepará-los e gastando ainda mais tempo com o assunto. É uma dedicação extrema de tempo ao assunto "alimentação correta", gerando falta de tempo para outros temas igualmente importantes e limitando a vida do paciente.

Ok. Beleza. Já deu pra entender do que se trata e você já deve estar enquadrando meia-dúzia de figuras conhecidas no quadro, pelo menos parcialmente... talvez até você mesmo(a)! Vamos com calma.

Em sendo um distúrbio alimentar de óbvia origem psicológica, precisaremos da atenção dos profissionais psicólogos para esta avaliação ser correta e para implementar uma psicoterapia adequada. O nutricionista entra neste time, também, para tentar reeditar a educação nutricional do paciente. Tarefa difícil. O médico também faz parte do grupo terapêutico, avaliando possíveis patologias decorrentes da desnutrição e introduzindo o tratamento farmacológico quando necessário. É possível que seja necessário um médico psiquiatra também. Não nos esqueçamos do educador físico, pois este será provavelmente necessário para uma reabilitação física.

Como sempre, a atenção multidisciplinar será a melhor maneira de cuidar desta pessoa. Só atacando por todas as frentes será possível resolver este problema.

Multidisciplinaridade integrada. Solução para a saúde.

Integremo-nos.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

E o Belviq? Vamos usar lorcaserina?

O FDA (órgão de cotrole de alimentos e medicamentos nos EUA) aprovou, dia 27 de junho de 2012, uma nova droga para combater a obesidade: a LORCASERINA.

Esta notícia criou grande expectativa entre profissionais de saúde e pacientes que lutam contra este mal, mas precisa ser vista com ponderação e é necessário definirmos alguns limites sobre esta nova opção.

Primeiro de tudo: esta nova droga ainda não está aprovada no Brasil. Desta maneira, esqueça esta opção por ainda algum tempo, pois sua avaliação e aprovação provavelmente não serão tão rápidas. Levando em conta que seu mecanismo de ação é similar ao de uma droga que foi retirada do mercado, a fenfluramina, as avaliações devem ser muito criteriosas e sua possível liberação deve dar trabalho.

A fenfluramina foi tirada do mercado por causar problemas cardíacos, problema supostamente solucionado no caso da lorcaserina. Foram apresentados alguns estudos demonstrando que a nova droga não causaria este efeito mas, obviamente, cautela é sempre bom.

A droga nova age em receptores específicos 5-HT2c, estimulando a liberação de proopiomelanocortina (POMC) e, consequentemente, gerando saciedade. Isso significa que, estando em uso desta medicação, o paciente vai se sentir satisfeito com menor volume de alimentos. Isto é interessante, mas vale lembrar que muitas outras drogas, sintéticas e naturais, trazem a mesma proposta. Ensaios clínicos mostraram bons resultados com a lorcaserina e esperamos que isso se reproduza no público que vier a utilizá-la.

O segundo ponto é o seguinte: a nova droga foi aprovada com indicações específicas pelo FDA. A proposta é que sejam usuários os pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) maior que 30 ou maior que 27 associado a outras doenças, como diabetes e/ou hipertensão. Isso define bem o grupo que deve fazer uso da novidade. Reparou?

Veja bem. Se você não se encaixa em nenhuma das duas especificações você NÃO É CANDIDATO(A) A UTILIZAR A LORCASERINA. Não é uma medicação para "diminuir o pezinho da barriga" nem para "perder mais uns 3 quilinhos". Trata-se de uma droga extremamente específica em sua ação, que chega como novidade e que ainda não se tem experiência com o uso. Pode ser uma maravilha mas também pode ser um problema, como já vimos acontecer antes com outras propostas.

Não quero ser chato mas tenho que frizar: se for liberada no Brasil, só utilize esta nova droga sob prescrição e acompanhamento médico. É o mais sensato a fazer.

Eu não poderia fechar um post como esse sem comentar mais uma coisa: NÃO EXISTE DROGA MILAGROSA PARA EMAGRECER. O processo de emagrecimento envolve mudança de hábitos de vida em uma escala tão global que nenhuma proposta isolada, seja ela farmacológica ou não, deve ser capaz de promovê-lo a contento. Se cerque de profissionais competentes para cuidar de sua saúde. O trabalho multidisciplinar integrado, com médico, nutricionista, educador físico, psicólogo, farmacêutico e biólogo trabalhando de forma harmônica, diretamente ou em consultoria, é a melhora maneira de emagrecer com saúde e sucesso. É a melhor maneira de promover sua saúde de forma plena. Aposte no seu esforço orientado e seu sucesso estará garantido.

"Ponderação e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém."

E também:

"Laranja madura na beira da estrada..."

Reflita... e se esforce!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Gorduras, colesterol e blá-blá-blá

Acabei de ler a reportagem sobre "A REDENÇÃO DA GORDURA" em uma famosa revista semanal conhecida de todos. Fiquei feliz pelo fato de, finalmente, ver divulgada, em um meio de comunicação de grande distribuição, a informação de que as gorduras saturadas não são as vilãs que se pensava. Na verdade, elas nunca foram vilãs.

Quero dar uma ajustada, de leve, em algumas informações e, consequentemente, acabar falando um pouco sobre colesterol. A ajustada é o seguinte: não tenham medo do ácido láurico. Na reportagem está escrito que este seria um exemplo de "gordura perniciosa", pelo fato de levar a aumento dos níveis de colesterol. Diz, inclusive, para se evitar o consumo de óleo de côco pois este levaria a tal malefício, por ser rico em ácido láurico...

Peraí!

Ácido láurico é o ácido graxo mais abundante no LEITE MATERNO. VOCÊ TOMOU, SE FOI AMAMENTADO NO PEITO, UM MONTE DESTE TIPO DE GORDURA! Ele pode até levar a um aumento dos níveis de colesterol mas, tenho que te dizer finalmente uma coisa: isso não é necessariamente ruim.

Sério.

Colesterol é um ÁLCOOL produzido pelo fígado e que serve para, APENAS, compor todas as suas membranas celulares, formar todos os hormônios esteróides (DHEA, pregnenolona, testosterona, estradiol, etc), e mais algumas funções que não vêm ao caso. Se ele estiver baixo demais, compromete sua produção hormonal e sua capacidade de reparar membranas celulares. Viu que legal? Colesterol NÃO É GORDURA e sua produção depende muito mais do seu consumo de carboidratos refinados/açúcares do que de gordura. O fígado usa glicose para fazer colesterol, e não gordura. Esta produção equivale a 80-85% do total que você lê no seu exame de sangue. Se livre do pão branco mas mantenha a manteiga e o queijo!

Outra novidade para você. Sabe o LDL-c, que um monte de gente chama de "colesterol ruim"? Pois é. Agora você cai da cadeira. O LDL-c NÃO É COLESTEROL! Trata-se de uma lipoproteina (low density lipoprotein) que carrega colesterol, triglicerídios e substâncias lipossolúveis, como as vitaminas A, D, E e K para as células. Isso é vital! As células precisam destes nutrientes e a LDL-c os carrega e disponibiliza. Não é uma vilã! A LDL-c só se torna ruim se oxidar e for englobada por um macrófago. Se isto acontecer e, depois disso, mais um monte de outras condições surgirem, pode se formar uma placa ateromatosa. Para avaliar se você está correndo este risco, de forma objetiva, um dos exames disponíveis é o anti-LDL oxidada. Alguém já te pediu este? Além disso, para que a LDL-c seja mais propensa à oxidação, é importante que apresente altos valores de apolipoproteína B100. Acredito que ninguém tenha te pedido este exame também, não é? Pois é...

Em resumo, "colesterol" te faz mal se você não cuidar dele direito, apenas. É claro que, em situações de LDL-c muito elevada, há uma maior chance estatística de ocorrerem as reações que levarão a problemas vasculares. Mas a melhor estratégia para melhorar este quadro é qualificar e reduzir o consumo de carboidratos. Não estou dizendo para você se encher de gorduras! Converse com sua nutricionista e procure ter uma alimentação equilibrada, mas saiba que os carboidratos refinados são os verdadeiros vilões.

Os medicamentos que servem para baixar os níveis de colesterol também são um problema à parte. Devem ser utilizados em situações onde o controle não consegue ser estabelecido, quando outras estratégias falham, o que ocorre com bem pouca frequência.

Lembra que eu disse que a maior parte do seu colesterol é produzido pelo seu próprio fígado? Ele não faz isso porque é aloprado! Isso acontece porque, de alguma maneira, seu corpo está sinalizando que precisa daquilo (salvo em algumas situações patológicas). Além disso, você não tem nenhuma via específica de excreção de colesterol. Até quando sai para o intestino, na formação dos sais biliares, ele vai ser recomposto, posteriormente, pois estes sais são reabsorvidos posteriormente. Quero dizer, simplesmente, que seu corpo não quer se livrar desta molécula, pois ela é muito valiosa. Será que é realmente sábio lutar contra esta tendência efetivamente natural? Quando você toma uma medicação para reduzir os níveis de colesterol, reduz também a produção de coenzima Q10. Esta molécula é vital para o metabolismo energético das suas células. Sabe qual é o órgão cujas células mais precisam dela? O coração! Será que estes remédios, portanto, são realmente benéficos para este órgão?

Resumindo a estória, pessoal, o que eu quero dizer é que o metabolismo do colesterol, das lipoproteínas, das placas ateromatosas e seus afins é muito mais complexo do que se divulga costumeiramente. Eu não pincelei nem 5% do assunto aqui. A forma como estes temas são explorados em geral beira a desinformação. Tem muita coisa simplesmente errada divulgada e eu não posso acreditar que isso não seja visto. Fica a idéia, meio conspiracionista, de que devem haver interesses outros por trás de tudo isso. É feio, mas é real.

Vamos questionar o que está estabelecido de forma muito dogmática. Vamos tentar descobrir de onde as informações vêm. Vamos perguntar os por quês das coisas. Nem seu médico nem ninguém tem a verdade absoluta nas mãos.

Não aceite um "é porque é". Peça argumentos.

Participe... e coma manteiga.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Neuróticos e conspiracionistas?

Retirado do site www.rcmpharma.com:



"Influência da IF sobre a OMS preocupa especialistas
22/05/2012 - 09:14

Ministros da Saúde dos países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) participaram no congresso geral da entidade em Genebra. Activistas criticaram a crescente dependência do órgão da ONU em relação à indústria farmacêutica (IF), avança o site dw.de.

Com mais de 8 mil funcionários, a Organização Mundial da Saúde (OMS) é a maior agência das Nações Unidas e tem como missão central combater doenças e promover melhores condições de saúde para todos os povos da terra. A entidade luta com sucesso contra doenças infecciosas e obteve a redução mundial do consumo de tabaco. Esses sucessos, porém, não conseguem ocultar a grave crise que a OMS enfrenta actualmente, escreve o dw.de.

A People's Health Movement, rede de organizações não governamentais dedicadas à política de saúde de mais de 70 países, criticou a crescente influência da indústria farmacêutica (IF) sobre a OMS e a crescente dependência desta frente a doadores privados. Fundada em 1948, a OMS era originalmente inteiramente financiada pelas contribuições anuais de seus países membros, hoje 194. Neste intervalo de tempo, quase 30% dos 4,9 mil milhões de euros do orçamento da OMS para 2011-2012 já são provenientes de doadores particulares ou de subvenções governamentais voluntárias sobretudo dos países onde ficam as maiores empresas farmacêuticas do mundo.

Influência sobre estratégias e metas

"São doações com objectivos específicos, pelas quais os respectivos doadores podem influenciar directamente o trabalho da OMS", acusa Thomas Gebauer, director da organização de ajuda médico-social Medico International, com consequências que vão muito além da quebra com o processo democrático de tomada de decisão.

Conforme observação das organizações não governamentais de todo o mundo participantes do People's Health Movement, a crescente influência de interesses comerciais mudou os objectivos e estratégias da OMS, como mostra o exemplo da Fundação Bill & Melinda Gates. Com benefícios totalizando 220 milhões de dólares, ela foi o segundo maior doador para o actual orçamento da OMS depois dos EUA e antes do Reino Unido.

A fundação gera a sua renda principalmente a partir de activos fixos. "A maioria dos 25 mil milhões de dólares que Bill Gates pôde investir nos últimos dez anos em programas de saúde em todo o mundo é derivada de empresas conhecidas na indústria química, farmacêutica e alimentícia, cujas actividades práticas muitas vezes vão contra os esforços pela melhoria da saúde global", critica Gebauer.

Programas de vacinação caros

Além disso Gates, também presidente da Microsoft, ganha fortunas com a defesa dos direitos de propriedade intelectual. Isso significa que ele luta pela patenteação de medicamentos e vacinas, em vez de promover produtos genéricos, livremente acessíveis e, portanto, menos caros. "Se Gates leva a OMS a participar de programas de vacinação patenteada, os beneficiados são também os fabricantes de vacinas e seus accionistas: a Fundação Gates é um deles", conclui a Medico International. Tudo à custa da população mais pobre nos países do Hemisfério Sul, já que esses Estados muitas vezes não podem pagar os programas de vacinação mais caros.

A influência da IF e das fundações que mantém pôde ser medida no caso da chamada "gripe suína". Em Junho de 2009, a OMS decretou o grau de alerta máximo para a pandemia de H1N1, a conselho de sua comissão permanente de vacinação. Entre os membros e consultores da comissão, estavam cientistas que tinham contratos com fabricantes do Tamiflu® e outros fármacos antigripais. A campanha de vacinação global, lançada por decorrência do alerta de pandemia da OMS, trouxe uma facturação milionária para essas empresas.

Para declarar uma "gripe perfeitamente normal" como uma perigosa pandemia, a OMS baixou os critérios para alertas de pandemia antes que os primeiros casos de H1N1 fossem conhecidos, afirma um estudo do Conselho Europeu. E também antes disso, autoridades de todo o mundo já tinham fechado garantias de contratos de compra com fabricantes de vacinas.

Menos controlo democrático

Um factor agravante é que as tarefas centrais da política de saúde pública e seu financiamento foram totalmente desligados da OMS desde fim dos anos 90 e retirados, com isso, do controle democrático pelos Estados membros, critica Alison Katz, que durante 18 anos trabalhou na sede da OMS, em Genebra. "Por exemplo, o fundo global criado para combater as três doenças principais causadoras de morte no Terceiro Mundo sida, tuberculose e malária não conta com participação da OMS, a qual é responsável pelas populações de seus países-membros".

O fundo aposta, para tratamento dessas doenças, em produtos farmacêuticos e equipamentos médicos, em vez de dar prioridade a medidas preventivas, ressalta Katz. A intenção, para ela, é clara: Medidas de prevenção não trazem lucro para a iniciativa privada". Juntamente com outros ex-funcionários da OMS, com médicos e especialistas em saúde, Katz fundou a Iniciativa para uma Organização Mundial da Saúde independente, que regularmente promove manifestações na sede da OMS em Genebra.

Os países em desenvolvimento que estão entre os 194 membros da OMS também pressionam por uma mudança. Eles necessitam do apoio da organização para suas medidas de prevenção e para reforçar os seus sistemas nacionais de saúde. Mas pelo menos a curto prazo essa correcção de curso não deverá ocorrer, na opinião dos críticos. Pois as propostas de reforma apresentadas pela directora-geral, Margaret Chan, na assembleia-geral da entidade, são, de acordo com uma análise do People's Health Movement, "puramente cosméticas". Elas não iriam reduzir a problemática dependência da OMS em relação a doadores privados e à indústria farmacêutica."

Pois é, pessoal. Este tipo de notícia é importante para mostrar alguns tipos de influências negativas sobre as políticas de saúde e, consequentemente, sobre a saúde de cada um de nós. Ampliem esta idéia e creiam que, há muitos anos, coisas assim acontecem conosco e têm determinado conceitos incorretos em medicina, levando profissionais e pacientes a erros, mesmo tentando acertar. Quem tenta alertar sobre estes assuntos é, costumeiramente, rotulado de conspiracionista ou neurótico, mas não vamos nos esquecer que o tempo tende a revelar certas verdades.

Fiquemos atentos. Sejamos críticos.

Sejamos um pouquinho "conspiracionistas".

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O que é OMEGA 3?

Há muito tempo eu percebo uma coisa muito interessante: muito se fala sobre omega-3 mas, aparentemente, as informações divulgadas acerca deste termo são, no mínimo, confusas no contexto geral.

Por "contexto geral" vamos compreender as informações gerais que são divulgadas na mídia e, inclusive, as informações que alguns profissionais passam para seus pacientes de forma fragmentada ou, até mesmo, incorreta. Isso acontece com muita frequência ao nosso redor, onde se generalizam muitos termos e aspectos dos mesmos e onde impera uma certa tendência a tirar conclusões e afirmar coisas sem o devido aprofundamento.

É isso mesmo, pessoal. É comum a gente ver alguém tomar uma "cápsula de 1000mg de omega-3" pensando que "omega-3" é uma substância e que, além disso, aquela cápsula contém exatamente 1000mg desta mesma substância. Tenho que dizer pra vocês: não é bem assim. Se você também pensa dessa forma, saiba que a culpa não é necessariamente sua. Afinal de contas, se não é um profissional da área, não tem nenhuma obrigação de saber sobre o que vou explicar. Agora, se você é profissional da área, atente para o seguinte:

1. OMEGA-3 NÃO É UMA SUBSTÂNCIA. Pois é. Omega-3 é uma classificação de ácidos graxos carboxílicos poliinsaturados que têm a dupla ligação no terceiro carbono contado a partir da extremidade oposta da carboxila. Bonito, né? Sei que parece uma esquisitice, mas concentre-se apenas no fato de que isso é uma classificação e não o nome das substância. Os nomes são muito mais "lindos" que isso! Veja estes exemplos: ácido alfa-linolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). Já pode batizar seus filhos! Olha estas opções de nomes lindos! Sabe aquela sua cápsula de omega-3 que é cheinha de óleo de peixe? Ela tem EPA e DHA. Eles são SUPER-IMPORTANTES para sua saúde e, como eu disse antes, não preenchem os 1000mg da cápsula;

EPAnumbering.png
EPA

DHAnumbering.png
DHA


2. DOS 1000mg DA SUA CÁPSULA, EM GERAL APENAS 300mg SÃO DE OMEGA-3 ÚTEIS. Pasme! É isso mesmo. Em geral, temos 180mg de EPA e 120mg de DHA em cada uma das cápsulas. Existem outras com concentrações diferentes, proporções diferentes e volumes totais também diversos. Verifique sempre quando for comprar e questione o profissional que cuida de você sobre, especificamente, QUANTO DE QUAIS OMEGA-3 ELE QUER TE DAR.

Estas informações podem parecer básicas, simplórias, para você que já as conhecia, mas aposto que são grandes esclarecimentos para a maioria das pessoas normais. Por que essas informações são tão pouco exploradas e comentadas? Por que tantos profissionais usam omega-3 com seus pacientes e nem mesmo compreendem exatamente do que se trata? Pior de tudo, POR QUE TANTA GENTE ABRE A BOCA PARA FALAR BEM OU MAL DISSO SEM SABER, NEM MESMO, DO QUE REALMENTE SE TRATA?

Linolenic-acid-3D-vdW.png
ALA
O ALA é também um omega-3, essencial na alimentação, de origem vegetal. Seu corpo converte ele para DHA e EPA em uma pequena proporção. PEQUENA PROPORÇÃO! Ele é o omega-3 presente, por exemplo, no óleo de linhaça. É por isso que é importante salientar que, apesar de outras funções benéficas que possam ser atribuídas a ele, o óleo de linhaça não é uma boa opção para você ser suplementado com omega-3. Prefira o óleo de peixe ou os resultantes do processamento de algas ou krill. Não conte com sua conversão de ALA para EPA ou DHA pois ela não é suficientemente eficiente.

Feitos estes esclarecimentos, vamos apontar um detalhe: quando um estudo sério afirma ter utilizado 1000mg de omega-3 por dia com seus pacientes, ele não está falando daquela capsulazinha de concentração baixa, mas de uma concentração de 1000mg de um omega-3 específico ou de uma mistura entre alguns omega-3.

O EPA e o DHA são ácidos-graxos essenciais, que precisam ser ingeridos na sua alimentação e/ou suplementação e que têm função fundamental na modulação dos mecanismos inflamatórios no organismo humano. Seus efeitos benéficos se estendem da saúde dos vasos sanguíneos ao controle do colesterol, a modulação da dor e a capacidade de memória, raciocínio e preservação dos tecidos cerebrais. Use sempre sob orientação, mas não deixe de usá-los.

Coma peixes de água fria e profunda.

Tome seus suplementos de omega-3 sob orientação de profissional competente.





(Temos muito mais informações sobre este tema para esclarecer e debater, mas este post ficaria ainda mais excessivamente técnico e prefiro deixar pra outro momento. Mandem suas dúvidas.)

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Sucesso na Dieta: Modelando Circunstâncias

Você vai à praia quando está chovendo?

Sério. Você arruma suas coisas, pega o carro e vai até a praia quando tá caindo aquela chuva torrencial? Aquele dilúvio?

Acredito que não (considerando que você não esteja acessando a internet de nenhum hospício...).

Se você não faz isso, por que acha legal tentar engrenar uma dieta radical ao mesmo tempo que seu cachorro morreu, está de mudança, mudando também de trabalho, se divorciando e com a mãe no hospital? TUDO AO MESMO TEMPO!?

Já reparou isso? Temos a mania de decidir realizar coisas grandiosas exatamente em momentos quando mais um monte de outras coisas estão acontecendo, o que torna a dificuldade para executar a nova tarefa ainda maior. Chame isso de auto-boicote, falta de planejamento ou do que mais quiser, mas o fato é que acontece o tempo todo.

Não quero propor que desistamos de tentar coisas novas por causa do turbilhão em que se encontra a vida, mas quero que você pense no seguinte: vale a pena escolher suas batalhas. Inclusive no que diz respeito a QUANDO entrar nelas.

Pense assim. Se você resolveu iniciar uma dieta, é porque precisa. Ou percebeu que tem essa necessidade ou foi alertado(a) por um(a) profissional de saúde. Desta maneira, vamos considerar que o sucesso disso é de EXTREMA importância e que você tem que alcançá-lo.

Já que é assim, vamos começar a planejar direito. Se você não foi alertado(a) por um(a) profissional de saúde, procure um(a). É muito importante a participação dele(a) neste processo. Você precisa de orientação sobre como proceder quando o assunto é alimentação, pois esta é a base para sua boa saúde.

Agora que você está ciente de como fazer, pare para avaliar sua vida e veja, simplesmente, se tem como encaixar as diretrizes que lhe foram transmitidas na sua rotina diária e se você tem como manter isso pelo tempo necessário para atingir o sucesso do tratamento. Peço que faça isso com o máximo de sinceridade e objetividade, sem preguiça, lembrando que o pescoço que está na forca é o seu mesmo...

Se você perceber que consegue se organizar, beleza. Comece logo! Vá fundo e realize tudo o que precisa! O sucesso está te esperando logo ali adiante. Pena que isso não é o mais frequente...

O mais comum é a gente perceber que tem tanta coisa... mas TANTA COISA atrapalhando que parece impossível fazer a dieta corretamente. Além disso, costumamos ver que estamos tão estressados... mas TÃO ESTRESSADOS, que merecemos um docinho... uma tortinha... uma cervejinha... para compensar, né? Se você está percebendo/vendo as coisas assim, nem comece.

É isso mesmo. Pare por aí. Reavalie tudo e comece a fazer uma mágica: analise as circunstâncias a que está submetido(a). Veja como está sua vida e perceba o que sustenta cada elemento que parece atrapalhar a execução de sua dieta. Você vai notar que parte deles é ilusória. É apenas sua cuca tentando te pregar peças, te fazer desistir. "A mente é a assassina do real" (A Voz do Silêncio). A parte que realmente atrapalha merece sua atenção para a segunda parte da mágica: modele as circunstâncias. Avalie cada elemento e planeje maneiras de modificá-los a seu favor. Mude o campo de batalha. Torne os elementos favoráveis a seus objetivos. O que não puder ser modificado será, sim, dificuldade. Mas reconhecida e medida. Aumentará o valor da sua vitória, afinal, nem tudo são flores, né? Liberte-se da matriz. (Cuidado que ela também se esconde nos diminutivos, viu? Docinho, tortinha, cervejinha...)

A proposta é essa: trabalhe as circunstâncias a seu favor ANTES de começar sua dieta, considerando suas próprias forças e fraquezas, seus aliados e inimigos (quase todos internos), pois assim aumentará ENORMEMENTE suas chances de sucesso.

Não vá pra praia na chuva. Espere ela passar, use um guarda-chuva ou, quem sabe até... faça ela parar!

Planejemos.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Não existe fórmula mágica para emagrecer!

Não tenho como não comentar essa reportagem que acabei de assistir sobre médicos que prescrevem substâncias ilegais para emagrecer.
É incrível ver como muitos colegas arriscam a própria carreira, não sei a troco de quê. Também impressiona ver como as pessoas se submetem a quase qualquer coisa para emagrecer. Vamos lembrar uma coisa muito importante, pessoal: NÃO EXISTE FÓRMULA MÁGICA PARA EMAGRECER. Ficar em forma exige esforços que costumam ser grandes e precisam ser mantidos. Demanda mudanças viscerais.

É importante saber que, na Ortomolecular mesmo, usamos formulações nos tratamentos, mas de suplementos nutricionais que têm função de otimizar a saúde, totalmente dentro da lei. A propósito, fico esperando o dia em que algum programa vai se interessar em mostrar os médicos que realizam um trabalho sério com emagrecimento. Só pra constar.

O que ajuda a ficar em forma é chegar à conclusão, muito intimamente, de que se precisa e se quer isso de fato. Daí, usar a ajuda de profissionais capacitados que irão te ajudar e te dirão, com franqueza, quantas barreiras você terá que derrubar para alcançar seus objetivos. Nenhum "comprimidinho secreto" resolve sem um processo de consciência, sem a verdadeira mudança interna.

Isso demanda esforço.

Esforcemo-nos.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Prevenção Ativa: Abordagem em Rede

Você com certeza já ouviu a seguinte máxima:

"A melhor defesa é o ataque."

Pois é.

É pensando nisso que gostamos de trabalhar com o conceito de Prevenção Ativa. Não se trata de nada além do cuidado com a saúde de forma a prevenir, ativamente, os agravos.

Você pode se perguntar: "Ora! Mas isso não já é preconizado e feito em muitos lugares?!"

Eu te respondo que preconizado sim mas, realizado, assim, REALIZADO MESMO, eu vejo em poucos e honrosos exemplos. Isso porque, infelizmente, quando falamos em prevenção no Brasil, o que mais vemos é observação. Vemos a realização de exames periódicos, muitas vezes com capacidade de detecção de agravos à saúde duvidosa, na esperança de "pegar" alguma doença "no comecinho", quando seria provavelmente mais fácil tratá-la de forma medicamentosa. Isso não previne o surgimento da doença, apenas fica esperando que ela chegue para, depois, tratá-la.

A prevenção ativa consiste em implementar ações que realmente levem à redução dos riscos de surgimento das doenças e em realizar avaliações que tenham capacidade efetiva de detecção precoce de doenças. Isso é muito difícil de realizar, mas deve ser uma meta sempre visada pelo profissional de saúde, que não deve se acomodar em protocolos de prevenção vazios e ineficientes, como muitos dos propostos hoje em dia. É preciso esmiuçar a vida do paciente e compreender, tanto quanto possível, os processos pelos quais ele passa, biológica e psiquicamente, para que possamos cuidar dele e evitar ao máximo que o mesmo adoeça. Além disso, precisamos maximizar sua saúde. Além da sobrevivência, favorecer as vivências.

Para isso tudo ser realizado adequadamente, precisamos de uma Abordagem em Rede.

Esta é uma proposta de cuidar do paciente através de múltiplas atenções, executadas por múltiplos profissionais, mas que não fiquem isolados. É obrigatório que haja integração. Muitos serviços trabalham com modelos parecidos com esta proposta mas, o que costumamos ver, é uma guerra de brios e padrões técnicos diferentes entre as diferentes áreas das ciências da saúde. O que precisamos é de uma atenção realizada por grupos integrados, que falem a mesma língua e se comuniquem de fato. Com isso todos ganham, principalmente o paciente.

Sei que estou falando em utopias aqui, de diversas formas, mas tudo que se estrutura no mundo físico e manifestado começa no mundo das idéias. Idéias estas que nem são minhas, mas que compartilho aqui com vocês para multiplicá-las e jogar ainda mais fermento neste movimento.

Temos que nos mobilizar em prol do crescimento do cuidado com a SAÚDE para evitar as doenças e não apenas cuidar das doenças quando já esteja faltando saúde.

Integremo-nos, profissionais de saúde.